Artigo de Fabio Carvalho: Preparação para o trabalho

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Por Fabio Carvalho*

As doutrinas espiritualistas são tão antigas que se perdem no pó dos tempos, porém, entre elas, somente o Espiritismo oferece consistente fundamentação para “(…) encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”[1].

Antes do advento da novel doutrina, o iluminismo e o racionalismo laurearam as ideias positivas que, por sua vez, se puseram em luta contra as ideias espiritualistas, “(…) porque o fanatismo se constituíra a arma destas últimas”[2].

Muito embora a razão seja o primeiro exame comprobativo de tudo o que venha dos Espíritos[3], há quem infunda confiança demasiadamente “(…) cega e frequentemente pueril no tocante ao mundo invisível, e leva a aceitar-se, com extrema facilidade e sem verificação, aquilo cujo absurdo ou impossibilidade a reflexão e o exame demonstrariam”[4].

Muitas vezes, sob o halo dos grandes benefícios recebidos pelo Evangelho de Jesus, de chofre nos predispomos a servir à grande causa, sem que nos apercebamos carentes do devido preparo que a missão nos exige.

Saulo, o respeitado doutor tarsense, enceguecido pela luz que fulgia do Cristo e orientado pelo próprio Messias a entrar na cidade de Damasco a fim de saber o que lhe convinha, logo que tivera restabelecida a visão pelo afetuoso e calmo Ananias e após rápido contato com os pergaminhos de Levi, acreditava-se já preparado para servir a Jesus na faina evangélica.

Assim seguem também os espíritas exaltados, menosprezando o estudo sistemático e a necessária mentoria para o exercício do labor na vinha do Nosso Senhor.

Abigail encontrou em Ananias, o ex-sapateiro de Emaús, o seu paciente iniciador. Estêvão bebeu nas preciosas lições da Casa do Caminho. Gamaliel aceitou com carinho as orientações de Hilel, o seu avô. Os discípulos estagiaram por três longos anos com o Cordeiro de Deus. Saulo, o perseguidor convertido, instalou-se por anos no oásis de Dã, aos cuidados de Áquila e Prisca, para o devido aprendizado. Timóteo entregou-se aos cuidados de Paulo, seguindo atentamente as suas instruções.

Na História do Cristianismo nascente, o maior seguia sempre auxiliando o menor, com ternura e paciência, amor e compaixão, para que a fé em Cristo Jesus não se convertesse em fanatismo estéril, dando azo a descalabros lastimáveis.

Infelizmente, o orgulho e a vaidade, medrados pelo egoísmo devastador, irromperam nas almas incautas e desprevenidas, levando o amoroso movimento a lamentáveis desvios de rumo que ora somos chamados a corrigir.

Para seguir Jesus, é indispensável fornecer como testemunho a negação de velhos caprichos e a renúncia dos próprios defeitos, por meio de esforço que nos faça “(…) esposar a cruz redentora”[5], identificando-nos com o programa do divino Mestre.

Para nós, espíritas, permanece o inolvidável ensinamento de Jesus para, nada obstante os benefícios recebidos do mais Alto, buscarmos nos mais experientes, aqueles que nos servirão de Ananias, seguindo-lhes os passos e as orientações, a fim de nos bem prepararmos para a sublime tarefa de estudar, viver e divulgar a mensagem da vida eterna.


[1] O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, cap. XIX, item 7

[2] O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, cap. XXXI, item XI

[3] O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, introdução, item II

[4] O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, quesito 4º do item 28

[5] Fonte viva, de Emmanuel, cap. 175

O AUTOR

É Secretário da Comissão Regional Nordeste (FEB/CFN) e Diretor de Unificação da Federação Espírita do Maranhão (FEMAR).

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