Por Allan Marques*
A casualidade não se encontra nos laços da parentela. É com esta afirmação que o Espírito Emmanuel, na obra Fonte Viva, psicografada pelo incansável Chico Xavier, inicia a mensagem intitulada “Parentes”, fazendo-nos refletir que as ligações consanguíneas são arquitetadas de maneira muito sábia e ao mesmo tempo sutil pela Lei Divina.
Compreendendo, portanto, que estamos reunidos no agrupamento familiar com os Espíritos que melhor se ajustam às nossas necessidades de aprendizado para a evolução, fica mais fácil perceber que cada membro, com sua bagagem moral respectiva, é parte efetivamente integrante e relevante no contexto familiar em que nos encontramos.
Não é por outro motivo que o nobre mentor já citado registra, agora em Ceifa de Luz, que os parentes enfermos ou difíceis são criaturas, às quais, antes do berço em que te refizeste no plano físico, prometeste amparo e dedicação. E é justamente no campo da parentela “adoecida” que vamos visualizar os combalidos da alma, irmãos que em virtude de pensamentos e comportamentos desajustados se veem enredados pelas teias obsessivas.
Allan Kardec, no início do capítulo XXIII de O Livro dos Médiuns, registra que a obsessão corresponde ao império que alguns Espíritos sabem tomar sobre certas pessoas. Informa ainda que tal influenciação não ocorre senão pelos Espíritos inferiores que procuram dominar, pois os bons Espíritos não impõem nenhum constrangimento. Daí cabe o questionamento: por que tal influência negativa no seio da família?
Quem nos ajuda a pensar sobre o assunto é Thereza de Brito, no livro Vereda Familiar, capítulo 22, Obsessões na Família, esclarecendo que “esposos e filhos, pais e irmãos e demais afins, portadores de suas quotas particulares de paz ou de perturbações, fazem desaguar no ambiente do lar os seus fluidos, benfazejos ou maléficos, de conformidade com sua vida psíquica”. Mais adiante, no mesmo capítulo, ela complementa: na vida da família, todos os tipos de vícios, materiais e morais, costumam servir de alimento para as obsessões em casa.
Sem sombra de dúvida, o grupo familiar na Terra nem sempre é um “mar de rosas”. Por vezes, exige-nos renúncias e sacrifícios. Porém, quando o componente obsessivo se faz presente, as lutas tornam-se ainda mais acerbas, solicitando de toda a família uma atenção especial para o desafio que surge no seio da consanguinidade. Precisamos recordar que os parentes, como afirma Emmanuel, são obras de amor que o Pai Compassivo nos deu a realizar.
Então, como agir? Primeiramente deveremos fazer a “lição de casa”: o trabalho individual de autocorreção. Analisar nossos pensamentos e ações para que não sejamos nós a pedra de tropeço. Como nos diz Thereza de Brito, por intermédio de Raul Teixeira, evitemos “tudo o que possa fazer nosso lar infeliz”. Depois, observando que algum familiar apresenta atitudes em desalinho, “ajudemo-lo, através da cooperação e do carinho, atendendo aos desígnios da verdadeira fraternidade” (Fonte Viva, mensagem 156).
Cuidar do irmão que sofre a insinuação infeliz dos desencarnados adoentados com os recursos fluidoterápicos, apresentados pelo Espiritismo, por meio da oração, dos passes, da água magnetizada, da leitura edificante, reunindo-se todos os familiares em redor do necessitado, sem cansaço ou negatividade é a terapêutica apresentada em “Vereda Familiar” e que aqui reproduzimos por se tratar de proposta eficaz ao alcance de todos.
Por fim, cabe-nos, em lidando com a obsessão na família, avaliar o que anda ocorrendo com o núcleo do qual fazemos parte, pois se um componente está em “descompasso”, todo o grupo necessita meditar a respeito. Façamos, então, de nossos lares, ambientes nos quais se pensa no bem, onde se fala daquilo que é positivo e onde nossas ações retratem o esforço de melhoria contínua. Agindo assim, estaremos construindo um lar de harmonia, sob o amparo dos Bons Espíritos, em que reina o equilíbrio necessário à “navegação” tranquila pelos mares agitados da Terra.
O AUTOR
Secretário e Coordenador da Área da Família da FEMAR. Trabalhador da área de Estudo. Vice-presidente do Centro Espírita Luz, Caridade e Amor, em São Luís-MA, onde colabora nas áreas de Estudo, DIJ e Comunicação. Expositor espírita.