Por Ana Luiza Nazareno*
O homem foi se afastando cada vez mais das leis divinas, entregues por Deus por meio de Moisés, deixando-se levar pelos instintos mais primários na prática da violência.
O Pai envia, então, Jesus para fazer com que este mesmo homem encontrasse o caminho que o traria de volta à prática das leis dantes esquecidas. Jesus nos ensinou o maior mandamento, o “amar a Deus sobre todas as coisas” e o segundo, tão importante quanto este, o “amar ao próximo como a si mesmo”, exemplificando-os e coroando-os com o sacrifício maior na cruz.
Sabendo que seus ensinamentos seriam também esquecidos, o Mestre promete que pedirá ao Pai para enviar outro Consolador, o Espírito de Verdade, que esclareceria tudo o que ficara sem maiores entendimentos. E quando a Humanidade já está pronta para receber este Consolador, as vozes do mundo espiritual começam a chamar a atenção e os que tinham “ouvidos para ouvir” foram alertados do novo momento.
O educador francês, Hippolyte Leon Denizard Rivail, movido pelas revoluções morais que devastavam o mundo do Século XIX, inicia o trabalho que se tornaria, mais tarde, a pedra basilar do novo movimento que chegaria para estabelecer uma nova ordem na conduta do homem.
Formulando perguntas, reunindo os apontamentos ditados pelos espíritos superiores, sob o pseudônimo de “Allan Kardec”, lança a luz para a Humanidade no dia 18 de abril de 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos, apresentando a base da nova Doutrina, denominada por ele de Espiritismo ou Doutrina Espírita, uma nova palavra para designar novas ideias.
E é este livro que durante 164 anos tem trazido, para esta Humanidade sofrida, consolo, orientação e esclarecimento.
O conteúdo de O Livro dos Espíritos, em sua base filosófica e desdobramentos moral e científico, engloba todo o pensamento humano, tratando dos assuntos os mais diversos, começando pela Introdução com uma síntese da nova Doutrina, seus pontos principais, vindo depois a Parte Primeira, “Das Causas Primárias”, tratado sobre Deus, o Universo, a Criação e o Princípio vital. Aqui encontramos Kardec fazendo a primeira pergunta: “Que é Deus?” e obtendo como resposta, a melhor e mais completa definição de Deus: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”
A Parte Segunda, de O Livros dos Espíritos, trata do “Mundo Espírita ou Mundo dos Espíritos”, transitando entre os dois mundos, o espiritual e o material, com muita propriedade nas perguntas, obtendo respostas magistrais dos Espíritos Superiores sobre a realidade do lado de lá e muitas outras informações sobre para onde vamos, o que nos acontece quando deixamos este corpo, reencarnação, influência dos espíritos, etc.
Na Parte Terceira, preocupado com a transformação do Ser, estuda com detalhes “As Leis Morais”, começando pelas Leis divinas ou naturais e perpassando por todas as demais que levam o homem a se tornar cada vez melhor desde que as tenha como regra de viver. Aqui vamos encontrar Kardec fazendo uma pergunta que nos atesta cada vez mais Jesus como guia e modelo para a Humanidade. É a questão 625, quando ele questiona “qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?” E a resposta não poderia ser mais sucinta e completa: “Jesus”.
E finalmente na Parte Quarta e última, Allan Kardec se preocupa em nos ensinar sobre a realidade do mundo espiritual tratando “Das Esperanças e Consolações” nos dando uma ideia clara “das penas e gozos terrenos” e “das penas e gozos futuros”, quando nos esclarece muito bem sobre felicidade, perda de entes queridos, temor da morte, suicídio, céu, inferno, purgatório, enfim, nos dá uma visão geral de toda questão relacionada com o nosso futuro depois da morte.
A Nova Era para a Humanidade chega pelo Espiritismo com o lançamento de O Livro dos Espíritos que apresenta as bases do Espiritismo em seu tríplice aspecto: filosófico, moral e religioso. Para total constituição doutrinária, e seguindo a metodologia utilizada na codificação, Allan Kardec, desdobra o Livro dos Espíritos: a sua Parte Segunda origina O Livro dos Médiuns, a sua parte Terceira é desenvolvida pelo O Evangelho segundo Espiritismo, a sua parte Quarta origina O Céu e Inferno e a sua parte Primeira é desenvolvida pela A Gênese.
O Espiritismo, Consolador prometido por Jesus, chega para iluminar as trevas da ignorância; enxugar as lágrimas dos que choram pela perda dos entes queridos, esclarecendo que a morte não existe; esclarecer sobre o que fazer e como fazer para se encontrar a vida eterna e a verdadeira felicidade.
O Livro dos Espíritos é, portanto, o marco que conduzirá a Humanidade para a fase da Regeneração, pois aquele que o ler e estudar com afinco jamais será o mesmo quanto à fé raciocinada e à vivência das lições deixadas pelo Mestre Jesus.
“O Livro dos Espíritos chega, assim, ao Terceiro Milênio da era Cristã realizando a sua tarefa de esclarecimento e consolação junto aos homens, fortalecido pela convicção de milhões de pessoas que o estudam, compreendem, aceitam e procuram colocar em prática os seus ensinos, realizando o seu aprimoramento moral e intelectual e construindo, desta forma, as bases do novo edifício social, ‘que se eleva, e que um dia há de reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade’” (Revista Reformador, abril de 2001).
A AUTORA
Diretora da Área Doutrinária da FEMAR e ex-presidente da instituição.