Por Allan Marques
“Os jovens de hoje gostam do luxo; são mal comportados e desprezam a autoridade; não têm respeito pelos mais velhos e passam o tempo a falar em vez de trabalhar”. Será que essas palavras, proferidas por Sócrates (470 a 399 a.C), poderiam ser aplicadas também nos dias atuais? Será este o retrato da realidade contemporânea?
Para responder a estas indagações, vale a pena recordar o que é ser jovem. Para a ONU (Organização das Nações Unidas) os indivíduos com idade entre 15 e 24 anos são considerados jovens. Já em nosso país, de acordo com o Estatuto da Juventude, esta fase vai dos 15 aos 29 anos, enquanto outras fontes trabalham com um período mais elástico ao tratarem dos adultos jovens: estes seriam os de idade compreendida entre 20 e 40 anos.
Apesar de não encontrarmos uma proposta uniforme quanto à idade cronológica do jovem na Terra, a verdade é que muitos deles foram responsáveis por fantásticas transformações no planeta. Figuras que marcaram época e alteraram o rumo de nossa História para melhor merecem de nossa parte toda a gratidão por sua atuação no Bem.
Um deles foi Siddhartha Gautama, o Buda, jovem príncipe que saiu do luxo e da ostentação e seguiu rumo à iluminação. Aos 29 anos deixa o conforto do palácio e depara-se com o sofrimento, a velhice, a doença e a morte que existiam muros afora. Lança uma proposta diferenciada: a busca do equilíbrio, o caminho do meio como ferramenta de elevação, em busca do Nirvana. Com certeza, um emissário do Cristo que buscou desde a juventude a autotransformação, auxiliando também na mudança do clima espiritual do mundo.
E o que dizer do jovem Francisco, que da pequena Assis, na Itália, promoveu uma verdadeira revolução na Terra inteira? Convocado um dia para defender sua pequena cidade contra os ataques dos “inimigos externos”, certa noite sonha e ouve o chamado: “vai Francisco e conquista o mundo com os teus guerreiros”. Não eram batalhas exteriores que aguardavam Francisco, mas o reerguimento de uma mensagem esplendorosa, a de Jesus, tão deturpada à época.
No cenário espírita, não podemos deixar de mencionar a participação ativa de jovens médiuns que auxiliaram Allan Kardec quando do nascimento da Doutrina codificada no século XIX. E por falar em médium, o que pensar de Chico Xavier, com 22 anos apenas publicando sua primeira obra, Parnaso de Além Túmulo? Vale recordar ainda o exemplo salutar de dois grandes trabalhadores do Movimento Espírita, conhecidos internacionalmente pelas atividades que desenvolvem: José Raul Teixeira e Divaldo Pereira Franco. Foram também eles jovens dedicados à Causa do Cristo, que souberam honrar com suas atitudes a mensagem do amor imortal.
Mas, com tantos apelos para o que não é positivo na sociedade atual, como deverá o jovem espírita atuar diante do mundo? Entendemos que o culto aos deveres, com ajuste equilibrado aos compromissos doutrinários, além do estudo e da conduta reta, com responsabilidade no lar e fora dele deverão caracterizar esse cristão que abraça o ideal espiritista. Jamais aceitar o que não edifica, o que não eleva a alma por entender que “a cada um será dado segundo suas obras”.
Como sabemos que para o Espírito imortal a idade cronológica não representa obstáculo, compreendemos que se pode ser jovem a qualquer tempo, agindo de forma a provar que a descrição feita por Sócrates já não deve ter mais lugar em nossos dias. É o próprio Divaldo Franco que esclarece como se manter tão bem aos 94 anos de idade: disciplina de hábitos mentais e morais, deveres acima dos prazeres e alegria de viver!
Concluímos com o Espírito Joanna de Ângelis, na obra “Vida Feliz”, que nos conclama: “Agradece a Deus a tua existência. Louva-O através de uma vivência sadia. Exalta-lhe o amor por meio dos deveres retamente cumpridos. Reconhece-O em tudo e todos, mediante uma vida feliz, na tua condição de filho bem amado”. Seguindo este conselho da nobre benfeitora, com certeza, seremos intérpretes fiéis da juventude cristianizada em nosso planeta.
O AUTOR
Secretário e Coordenador da Área da Família da FEMAR. Trabalhador da área de Estudo. Vice-presidente do Centro Espírita Luz, Caridade e Amor, em São Luís-MA, onde colabora nas áreas de Estudo, DIJ e Comunicação. Expositor espírita.