Por Allan Marques*
Aproximam-se os dias em que na Terra, especialmente em nosso país, ocorre uma das festividades populares mais tradicionais, o Carnaval, cujas origens remontam às comemorações realizadas pelos povos antigos, com destaque para as bacanálias e saturnálias de gregos e romanos, e mais adiante, o entrudo dos portugueses que colonizaram as terras brasileiras.
Nas obras básicas da Codificação espírita, em nenhum momento Allan Kardec indaga aos Espíritos Superiores ou recebe deles instruções específicas acerca dessa manifestação popular, porém há vários elementos e informações
relevantes que nos auxiliam no entendimento mais ajustado sobre a questão ora analisada.
Se pararmos um pouco e refletirmos sobre “livre-arbítrio” e “lei de causa e efeito”, chegaremos à conclusão de que, conforme a Doutrina Espírita orienta, nada nos é proibido, porém somos responsáveis por toda e qualquer escolha que venhamos a fazer. Ainda o Espiritismo nos traz informações altamente enriquecedoras acerca dos fluidos e suas propriedades, alertando-nos sobre a “atmosfera espiritual” criada pelo pensamento e os ambientes por onde transitamos, cujas vibrações resultam do conjunto de emanações fluídicas próprias dos presentes,
encarnados e desencarnados, que compõem determinada assembleia.
Nesse sentido, valemo-nos das orientações de benfeitores da Humanidade, que consideramos conselheiros amigos, sobre “a festa mais popular do Brasil”. Thereza de Brito, por intermédio de José Raul Teixeira, na obra “Vereda Familiar” dedica um capítulo inteiro, o de número 14 (As folias de momo), para tratar da questão sob a ótica do Espírito imortal; informa, no início de sua abordagem, que, num planeta como a Terra, “apresentam-se situações e costumes absurdos que a massa aceita com normalidade”, dando-nos a entender que nem sempre o que é tido como normal deve ser percebido como ético ou equilibrado.
Numa rápida abordagem sobre a história da festividade, Thereza ensina que o Carnaval deixou de apresentar características de gracejos e bulícios dos grupos, passando, com o tempo, a servir de veículo para o desaguar dos caracteres tortuosos, liberando os indivíduos as nódoas do psiquismo em desalinho.
A amiga espiritual também destaca algo muito comum em nossa sociedade: o fato de muita gente se expressar com honestidade, asseverando que vai para o Carnaval sem intenções malévolas… Entretanto, ela nos diz que a sintonização, mesmo nestes casos, está formada. “Mergulhados nas mesmas energias, toda a gente se mantém no mesmo caldo de nutrição psíquica”. Vale o alerta da nobre trabalhadora que pontua: em considerando as leis fluídicas, não podemos menosprezar a influência nociva de Entidades desencarnadas…
Mas, então, o que fazer? Ainda sob a orientação deste Espírito notável, compartilhamos sua proposta para esses dias de folia na Terra: numa sociedade onde a vida familiar tem sido tão difícil, tão escassa, por que não aproveitar os dias carnavalescos para conviverem bem mais juntos? Estreitar os vínculos de carinho e afeto com o próximo mais próximo, valorizando o tempo que temos à nossa disposição!
Lógico que o Espiritismo não nos incita à reclusão ou abandono da convivência com as demais pessoas. Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Capítulo XVII, Sede perfeitos, na mensagem “O homem no mundo”, o Espírito Protetor que a assina assevera: Não penseis que queiramos levar-vos a viver uma vida mística, que vos mantenha fora das leis da sociedade em que estais condenados a viver. Vivei com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens. Pois, segundo ele, a virtude não consiste em repelir os prazeres que a condição humana permite. Sugere-nos, portanto: Sede alegres, sede felizes, mas da alegria que dá uma boa consciência…
Pois bem, por tudo o que aprendemos com a Doutrina Espírita, concordamos com a proposta trazida pelo Espírito Emmanuel, que assevera: “Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho”. Num mundo ainda tão carente de equilíbrio, busquemos a sintonia com o Mais Alto, especialmente em dias tumultuosos, como esses do Carnaval na Terra.
*O autor é Secretário e Coordenador da Área da Família da FEMAR. Trabalhador da área de Estudo. Vice-presidente do Centro Espírita Luz, Caridade e Amor, em São Luís-MA, onde colabora nas áreas de Estudo, DIJ e Comunicação. Expositor espírita.