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Memórias junto à trajetória de Divaldo, o incansável divulgador: “Sigamos, erguendo o mundo novo”

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Por Antonio Cesar Perri de Carvalho[1]

No dia 5 de maio Divaldo Pereira Franco completa 93 anos de idade e prossegue incansável nas ações da difusão espírita, em que pesem os limites de enfermidades e da própria idade. Tem vencido desafios e mantido seu compromisso de difusão do Espiritismo.

 Há quase seis décadas conhecemos Divaldo e ele exerceu muita influência em nossa adolescência e juventude. Ao longo do tempo acompanhamos a trajetória de Divaldo em inúmeras e variadas ações e que foram para nós momentos de aprendizagem. Em nossa memória desfila uma visão panorâmica.

O primeiro contato foi por ocasião de sua palestra na XV Concentração de Mocidades Espíritas do Brasil Central e Estado de São Paulo (COMBESP), em abril de 1962, em Araçatuba (SP). Na oportunidade, ele também visitou a Instituição “Nosso Lar”, na época recém fundada por familiares nossos.

 Nos anos imediatos, nos encontramos na histórica I Confraternização de Mocidades e Juventudes Espíritas do Brasil (COMJEB), realizada em abril de 1965, em Marília (SP). Guardamos como lembrança um livro em que coletamos autógrafos dos expositores, inclusive de Divaldo. No mês seguinte assistimos suas palestras em Araçatuba e Lins.

 Outros encontros se seguiram como na 1a Confraternização de Mocidades e Juventudes Espíritas do Estado de São Paulo-COMJESP (Ribeirão Preto, abril de 1967). Nesse evento fomos vencedor no concurso de oratória, na categoria de expositor, e integramos a mesa de encerramento com palestra de Divaldo, e, como um grande desafio, fizemos uma saudação. Como lembrança, o primeiro livro de autoria de Joanna de Ângelis, o Messe de Amor (Editora Sabedoria, 1964), com autógrafos de Divaldo e vários amigos.Era o início da publicação de seus livros.

 Àquela época, já mantínhamos correspondência com Divaldo e recebíamos os folhetos impressos pela Mansão do Caminho contendo mensagens psicografadas.

Desde 1972 passamos a organizar os roteiros de Divaldo pela região de Araçatuba, incluindo palestras desde Penápolis até a então nascente cidade de Ilha Solteira, e, chegando a Três Lagoas (MT). Na época éramos presidente do órgão da USE local (União Municipal Espírita de Araçatuba). A partir desse período, Divaldo foi nosso convidado para participação em vários eventos do movimento espírita de Araçatuba: a 16a Concentração de Mocidades Espíritas da Noroeste do Estado de São Paulo – COMENOESP (1973), e para Semanas e Mês Espíritas.

 Em função das palestras e diálogos, livros e correspondências assíduas, Divaldo representava apoio aos nossos passos espíritas.

 Divaldo foi hóspede de nossa genitora – Bebé – e nosso também, após nosso casamento, durante 30 anos. Nos dois lares sempre havia uma refeição com convites para os dirigentes e amigos da cidade, reunindo grande número de participantes, bate-papos informais, momentos proveitosos, alegres e fraternos.

 Com a esposa Célia, desde uma passagem em etapa da viagem de núpcias, algumas vezes visitamos o Centro Espírita Caminho da Redenção, este na antiga sede no bairro da Calçada e as casas-lares da Mansão do Caminho; depois a obra imensa reunida no bairro de Pau da Lima, em Salvador. Nossos filhos nasceram e cresceram acostumados com a visita do “tio” e um deles é tratado como “meu neto”. Os três filhos estiveram em visita à Mansão do Caminho. As dedicatórias nos livros registram as atenções de Divaldo com nossa família.

Em várias visitas de Divaldo, houve momento de prece em nosso lar ou de nossa genitora – também com presença de convidados -, instantes em que o médium psicografou mensagens de Benedita Fernandes e de nosso tio Lourival Perri Chefaly.

 Nas visitas de Divaldo organizávamos entrevistas com os dirigentes locais e com a imprensa (rádios, jornais e TV). Estas foram transformadas em publicações que fizemos nos jornais de Araçatuba e também em periódicos espíritas. Essas publicações integraram um material apostilado “Divaldo em Araçatuba”, a ele ofertado na solenidade em que recebeu o título de “Cidadão Honorário de Araçatuba”, em 1984.

 Por sugestão de Divaldo elaboramos a obra Repositórios de Sabedoria coletânea em dois volumes em forma de abecedário de pensamentos de Joanna de Ângelis, extraídos das primeiras obras da Autora Espiritual.[2]

No nosso livro, Dama da Caridade lançado em Araçatuba em 1982, reeditado e depois ampliado , há mensagens de Benedita Fernandes psicografadas por Divaldo.[3]

 Na obra Em Louvor à Vida , incluímos mensagens do espírito Lourival Perri Chefaly, psicografadas por Divaldo, lançado em Araçatuba, em dezembro de 1987.[4]

 Episódio histórico que acompanhamos desde os preparativos foi o reencontro de Divaldo com Chico Xavier, em Uberaba. Foram memoráveis as reuniões dessa nova etapa com Chico Xavier, reiniciadas no Grupo Espírita da Prece, aos 14 de fevereiro de 1978. Entre outros convidados, Divaldo fez uma bela exposição e nós também fizemos uso da palavra. No momento das psicografias em público Chico Xavier recebeu página de Emmanuel e uma carta de jovem desencarnado. Divaldo recebeu uma carta assinada por Lolo (apelido familiar de um tio nosso), dirigida a nós e a esposa Célia, que acompanhávamos a reunião[4]. Aos 5 de novembro de 1980, juntamente com a esposa, nossa genitora e amigos, assistimos à cerimônia em que Divaldo recebeu o título de “cidadão uberabense”. Chico Xavier compareceu e usou da palavra na solenidade. Acompanhamos outros encontros conjuntos nos anos seguintes.

 Com nossa mudança, por razão profissional, para a cidade de São Paulo, e, mais à frente, para Brasília, Divaldo voltou a ser hospedado por nossa genitora até a desencarnação dela. Mas voltávamos a Araçatuba, para acompanhar os eventos com atuação de Divaldo.

 No período de nossa presidência da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, Divaldo foi entrevistado na sede da USE-SP, gerando uma edição ampliada de publicação anterior com o expositor.[5] Ainda nesse período, em evento efetivado pela USE-SP, em São Paulo, para lançamento nacional da Campanha Viver em Família, promovido pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, em janeiro de 1994, Divaldo foi entrevistado sobre a Campanha. Este registro e a síntese das palestras dos vários convidados originou o livro Laços de família.[6]

 Em livros editados pela FEB, tivemos atuação em entrevistas com Divaldo promovidas pelo Conselho Federativo Nacional da FEB: atendendo a pergunta nossa em Conversa fraterna[7], no ano 2000, e, na obra Em nome do amor: a mediunidade com Jesus[8] está incluída entrevista que coordenamos durante o CFN da FEB em 2011.

 Nos diversos Estados do Brasil e em dezenas de países estivemos junto com Divaldo em vários eventos históricos. Muitas ações junto ao Conselho Federativo Nacional da FEB e o Conselho Espírita Internacional.

 Por ocasião da Reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, em novembro de 2014, na nossa gestão como presidente da Federação Espírita Brasileira, foram concretizadas várias atividades com Divaldo. Com a presença dele como figura central houve a promoção do “Movimento Você e Paz”, em solenidade no plenário da Câmara dos Deputados e palestra no anfiteatro da FEB. Nos mesmos dias foi inaugurada uma Exposição sobre a Mansão do Caminho e a obra de Divaldo Pereira Franco no Espaço Cultural na sede FEB em Brasília.

 Como geralmente acontece com líderes sempre há tentativas de serem controlados e surgirem “porta vozes”. Ao longo do tempo houve o esforço de Divaldo e nosso para se manter abertos os canais de comunicação. O intercâmbio epistolar em papel e digital é imenso!

 Logo em seguida, em outra etapa de nossos compromissos, contamos com apoio de Divaldo e vários contatos ocorreram em alguns eventos nos anos seguintes.

 A convivência com Divaldo desde Araçatuba e em inúmeros locais foram momentos significativos, com boas recordações e inspiradores para a difusão do Espiritismo, para estímulo ao bem e à paz! Nossos registros sintéticos revelam instantes proveitosos e alegres. No afã de homenagear o lidador aniversariante nossa memória reviveu, como um filme, a longa trajetória, com registro de apenas uns cenários. Testemunhamos episódios notáveis acompanhando a evolução das ações de Divaldo, exceção apenas dos tempos iniciais de sua missão nos anos 1940/50. Sobre esse período ouvimos relatos dele próprio e assistimos as encenações no filme cinematográfico “Divaldo – O Mensageiro da Paz”.

 Em abril de 2020 recebemos e-mails de Divaldo, com atenciosos e significativos comentários: “[…] Tenho prosseguido com destemor e fiel a Jesus-Kardec até à desencarnação próxima. […] Sou muito grato a você e família que me receberam desde jovem até hoje.” Logo depois em outra mensagem: “[…] Naquele lindo tempo éramos muito felizes. […] Sigamos, erguendo o mundo novo”.

Referências:

1) Foi dirigente em Araçatuba (SP), presidente da USE-SP e da Federação Espírita Brasileira (FEB), membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI).

2) Franco, Divaldo Pereira; Carvalho, Antonio Cesar Perri (Org.). Pelo espírito Joanna de Angelis. Repositório de sabedoria. Vol. I e II. 283p e 288p. Salvador: LEAL. 1980.

3) Carvalho, Antonio Cesar Perri. Benedita Fernandes. A dama da caridade. Araçatuba: Ed. Cocriação/USERegional de Araçatuba. 2017. 144p.

4) Franco, Divaldo Pereira; Chefaly, Lourival Perri; Carvalho, Antonio Cesar Perri (Org.). Em louvor à vida. 2.ed. Salvador: Ed. LEAL. 2016. 152p. 

5) Franco, Divaldo Franco. Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíritas. 2.ed. São Paulo: USE. 1993. 156p.

6) Franco, Divaldo Pereira; autores diversos. Laços de família. 8.ed. São Paulo: Ed. USE. 150p.

7) Franco, Divaldo Pereira. Conversa fraterna. Divaldo Pereira Franco no Conselho Federativo Nacional. Rio de Janeiro: FEB. 2001. 110p

8) Franco, Divaldo Pereira. Pelo espírito Bezerra de Menezes. Em nome do amor: a mediunidade com Jesus. 2.ed. Rio de Janeiro: FEB. 2012. 281p.

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