Por Allan Marques*
Estes são tempos desafiadores, não há sombra de dúvida! Todos nós, atualmente encarnados no planeta Terra, temos observado nas últimas semanas como a pandemia provocada pelo novo Coronavírus (COVID-19) afetou as questões econômicas, políticas, sanitárias e sociais, com especial destaque para as relacionadas à família.
Sim, as relações familiares, em tempos de isolamento social, melhor forma de conter a pandemia, segundo a Organização Mundial de Saúde, sofreram forte impacto com as medidas para se limitar a circulação de pessoas nas ruas e estabelecimentos. Conseguimos observar claramente dois cenários: maior aproximação (necessária) daqueles que convivem sob o mesmo teto e a saudade provocada pelo distanciamento daqueles que não podem estar juntos, pelos mais variados motivos.
Interessante observar o panorama atual sob este prisma, justamente quando o instituto familiar vinha sofrendo diversas críticas e até mesmo ataques por parte daqueles que consideravam a família como algo “superado”. Na obra “Desafios da Vida Familiar”, o Espírito Camilo, pela psicografia lúcida de José Raul Teixeira, responde na Parte I do livro questões sobre “O sentido da família”, destacando que “felizmente, não se pode afirmar o fim da instituição familiar”, apesar dos graves sacolejos que ela tem sofrido. O nobre Espírito afirma categoricamente que “não podemos perder de vista que Deus não se equivoca, jamais comete erros”, levando-nos à compreensão de que as diversas posições familiares guardam excelentes contribuições para que seus elementos aprendam a enfrentar e superar desafios, tais como os vivenciados na atualidade.
Realmente os tempos atuais são de transformação. E toda mudança exige esforço, caracterizando-se como estímulo à alteração de padrões. A família, então, apresenta-se, mais do que nunca, como a pequena grande escola da fraternidade, pois quem não consegue a capacidade de amar aqueles com os quais convive, mais dificilmente poderá amar aqueloutros que não conhece, diz-nos a benfeitora Joanna de Ângelis, em sua magistral obra “Constelação Familiar”.
Com o treinamento doméstico, ampliado nestes dias de distanciamento social, em que somos “convidados” a interagir diuturnamente, em muitos casos, com o agrupamento mais próximo de familiares, temos a oportunidade de adquirir a capacidade de amar com mais amplitude, buscando alcançar, no futuro, a sociedade transformada em família universal. Vale recordar que, em muitos casos, a nossa “missão” na Terra não está relacionada com as grandes realizações exteriores, mas se trata do reajustamento com aquele parente localizado sob o mesmo teto, com quem agora somos compelidos a conviver, compartilhando das mesmas dores e dificuldades do presente.
A outra questão levantada, da saudade provocada pelo distanciamento, vem confirmar a excelente proposta de Jesus, registrada em João, 13:34, “que vos ameis uns aos outros como eu vos amei”. A saudade traduz a necessidade de nos alimentarmos do amor daquele que se encontra distanciado. Daí a fala do Cristo, estimulando-nos ao amor porque dele necessitamos. Sentimos falta agora e a simples ideia do reencontro breve nos serve de alento, dando-nos a coragem para o enfrentamento dos obstáculos passageiros.
Por falar em enfrentamento, Joanna de Ângelis, em “Vida Feliz”, elucida que “os hábitos adquiridos no lar permanecem por toda a existência e se transferem para além do corpo”. Isso nos faz recordar de uma das medidas mais eficazes a ser adotada em tempos de crise: a oração. O Espírito Camilo, mais uma vez nos reportando à obra “Desafios da Vida Familiar”, afirma que a reunião em casa, em torno das propostas de Jesus Cristo (…) deve servir como excelente atrativo para as energias superiores da vida.
Em tempos de isolamento social, não menosprezemos o exercício psíquico da oração, da reflexão nobre acerca da vida. Busquemos a sintonia com o Pai de Amor nessa hora delicada pela qual passa a Humanidade, recordando sempre que na família encontraremos os recursos valiosos para o crescimento, individual e coletivo, que nos ensejará a compreensão tranquila dos desígnios divinos para cada um de nós, Espíritos imortais, em processo de contínua evolução. Tudo passa…aproveitemos o ensejo bendito e tomemos Jesus como referência. Confiemos!
*O autor é Secretário e Coordenador da Área da Família da FEMAR. Trabalhador da área de Estudo. Vice-presidente do Centro Espírita Luz, Caridade e Amor, em São Luís-MA, onde colabora nas áreas de Estudo, DIJ e Comunicação. Expositor espírita.