Por Allan Marques*
Espiritismo e Ecologia, mais do que possa parecer, são áreas de investigação que apresentam pontos em comum e um discurso muito próximo, já que ambas, além de revelarem fenômenos que explicam a vida, convidam a Humanidade a pensar na importância do equilíbrio, informando-nos acerca das mazelas do consumismo e o perigo do apego à matéria.
Importante percebermos a relação íntima entre Doutrina Espírita e Ecologia, ciências que discursam a favor da vida, e o papel da família nos movimentos em torno da proteção de nossa morada terrena, palco que a Divindade nos proporciona para efetuarmos as conquistas necessárias à evolução.
Nesse contexto, interessante o registro do Espírito Marta, que, pela psicografia do médium baiano Marcel Mariano, nos alerta para a relevância da defesa do meio ambiente, por conta da poluição e outras atitudes danosas provocadas pelo ser humano. Anota a benfeitora que é natural, tendo em vista o atual panorama de intensa devastação, haja movimentos que se voltem para o amparo à “casa-lar”, a Terra. Porém, é necessário atentarmos para uma outra modalidade de contaminação: o lixo mental – detritos produzidos pelas mentes inquietas que habitam este planeta.
Diariamente, alerta o Espírito Marta, são produzidos pensamentos de ódio, vibrações de revolta, dardos de intolerância, sintonias no mal e na vulgaridade, enfim, resíduos altamente tóxicos e invisíveis, que afetam intensamente a atmosfera espiritual do orbe, provocando assim um verdadeiro desastre ecológico, sob o ponto de vista moral e emocional.
Incontestável, portanto, o nosso papel quanto ao equilíbrio do planeta. Atuação que não podemos deixar de relacionar à “saúde” espiritual das famílias terrenas. Sim, a família enquanto célula da sociedade precisa estar consciente da sua tarefa regeneradora, agindo no sentido de educar seus membros para o cultivo do pensamento reto, da fala ajustada à ética e do comportamento amoroso.
Na obra “Libertação do sofrimento”, em seu capítulo 12, o médium Divaldo Franco, registrando o pensamento sempre lúcido de Joanna de Ângelis, afirma que vivemos um momento grave, em que “discussões inúteis e agressões contínuas formam o cardápio do comportamento social, e a violência resultante das incompreensões torna as comunidades terrestres verdadeiras praças de guerra não declarada”. Se pararmos para analisar tal afirmativa, entenderemos que o indivíduo educado no lar para o entendimento e para a pacificação, dificilmente aprovará um “cardápio” dessa natureza.
Ainda no capítulo citado anteriormente, a amiga espiritual da Humanidade, destaca que “a volúpia pelo consumismo absorve a maioria dos indivíduos, como mecanismo de fuga para os enfrentamentos(…)”. Necessitamos de autoconhecimento para crescermos, mas ainda preferimos a ilusão das coisas de que não precisamos realmente! Dizemos abraçar esta ou aquela proposta religiosa, porém ainda é o materialismo, muitas vezes alimentado no seio do próprio núcleo familiar, o grande campeão que triunfa sobre as almas fragilizadas e atormentadas.
Imprescindível efetuarmos a necessária autoanálise, em tempos tão propícios à reflexão, verificando continuamente a qualidade de nossas emissões mentais. Sem se dar conta, a criatura poderá atuar como um verdadeiro “lançador de detritos”, contaminando o ambiente à sua volta e contribuindo para um adoecimento dos membros desta grande família, a Humanidade, que carece, mais do que nunca, de saúde moral para o enfrentamento dos desafios próprios de uma etapa de transição, avançando com passos firmes no rumo da paz.
*O autor é Secretário e Coordenador da Área da Família da FEMAR. Trabalhador da área de Estudo. Vice-presidente do Centro Espírita Luz, Caridade e Amor, em São Luís-MA, onde colabora nas áreas de Estudo, DIJ e Comunicação. Expositor espírita.