Por Osmir Freire*
Estamos atravessando momentos de grandes transformações na sociedade e muitos acreditam que essas mudanças estruturais sejam capazes de solucionar os problemas que atingem a todos nós. No entanto, a Doutrina Espírita nos esclarece que as modificações terão de ocorrer antes no campo individual, ou seja, no homem.
E isto porque há uma variável importante que não pode ser desconsiderada: o fator educação, que está intimamente ligado ao plano socioeconômico.
Com a Doutrina Espírita aprendemos sobre a importância da educação, tanto na economia espiritual, quanto na material. Ela nos assegura que nenhuma transformação de ordem econômica pode modificar o estado presente de insegurança e de instabilidade, se não é acompanhada de transformações de ordem moral. No comentário à questão 685a, de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec afirma: (…) há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação.
Kardec volta ao tema na questão 917, quando diz: a educação convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral.
Segundo o lúcido pensador espírita Deolindo Amorim, (…) sem a reforma moral nenhuma outra reforma terá caráter vitalício, portanto, serão inócuas e impotentes para resolver as magnas e cruciantes questões sociais. (…)
Em A Gênese, está assinalado: Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más; somente esse progresso pode fazer que entre os homens reinem a concórdia, a paz, a fraternidade.(…).
O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade.
A ordem social não poderá sustentar-se apenas em bases materiais, que são frágeis por sua própria natureza. Quando falta o respeito pela dignidade humana, atuamos como exploradores e não como colaboradores. Quando não há solidariedade, a civilização, do ponto de vista externo, entra em declínio.
Não existe dicotomia entre o mundo de Deus e o mundo de César. Ambos coexistem harmonicamente, comunicam-se e se relacionam de forma efetiva. O que os diferencia, fundamentalmente, é que o primeiro (o mundo divino) é o fim, e o segundo, o meio. Um é a causa e o outro o efeito. O materialista não percebe essa repercussão entre as forças materiais com as espirituais. O erro de Marx foi considerar o fator econômico como determinante da história, quando, na realidade, ela se inclina para onde se dirige o Espírito.
O conhecimento e a vivência das leis morais são tão vitais para o ser humano, quanto o é para o cientista o conhecimento das leis físicas. A Ciência estuda as leis e os princípios do mundo material, mas nos defrontamos a todo momento com questões que transcendem esse universo fenomênico. São problemas filosóficos, de natureza especulativa, quando nos propomos a perquirir o fim último do próprio trabalho.
O Espiritismo demonstra que toda riqueza deve ter uma destinação útil, uma correta distribuição e, como Espíritos sobreviventes da matéria, responderemos pelos abusos ou desvios que cometermos na sua gestão.
A Doutrina Espírita explica, afinal, que a solução dos males sociais não depende simplesmente da aplicação das leis econômicas, nem de critérios políticos, pois o reordenamento desses setores reclama a reforma moral. Um país pode tornar-se rico, sem que o seu povo seja feliz, desde que haja injustiça, acentuada desigualdade e outros vícios que serão extirpados do meio social somente quando forem erradicados do indivíduo, pela sua transformação moral.