Por Allan Marques
Eu não aguento mais! É muita confusão! Queria sumir desta casa hoje mesmo! Quantos de nós já não nos queixamos por conta de situações desagradáveis no ambiente doméstico? Segundo o Espírito Camilo, na obra Minha família, o mundo e eu, não são raras as situações em que nos deparamos com embates e indisposições entre membros de uma família. Mas, como agir? Como o Espiritismo nos auxilia a solucionar os tão comuns conflitos familiares?
Primeiramente, é importante recordar que nem todos os Espíritos que (re)encontramos no lar são simpáticos a nós outros. Ao tratar do parentesco corporal e do parentesco espiritual, Allan Kardec, no capítulo XIV de O Evangelho segundo o Espiritismo, esclarece que os Espíritos que se encarnam numa mesma família podem ser estranhos uns aos outros e até mesmo divididos por antipatias anteriores, que se traduzem da mesma forma por seu antagonismo na Terra.
Em “Constelação Familiar”, Joanna de Ângelis, ao abordar as “Turbulências familiares”, afirma que na convivência sempre surgem os descontentamentos insignificantes, que se tornam mais graves quando não cuidados. A amiga espiritual da Humanidade nos orienta: quando surgem os primeiros conflitos nos relacionamentos domésticos, justo é buscar-se diluí-los antes que tomem proporções graves, difíceis de ser eliminadas.
Compreendemos, com a visão ampliada que o Espiritismo nos proporciona, que essas dificuldades, próprias das criaturas ainda pouco evoluídas como nós, são resultado de um comportamento egoísta e imaturo, aliado às rusgas do passado que precisamos trabalhar em nosso íntimo. O nobre benfeitor Emmanuel, no livro Ceifa de Luz, na mensagem “Doentes em casa” nos relembra, inclusive, que “os parentes enfermos ou difíceis são criaturas às quais, antes do berço, prometemos amparo e dedicação”. Importante atentarmos para esse compromisso firmado entre almas que precisam se ajustar.
Também não podemos descartar, ao analisarmos a questão, as possíveis atuações de entidades espirituais adversárias dos envolvidos nas “confusões” de família. Muito comum, alerta o Espírito Camilo, que haja vinculações psíquicas de múltiplas tonalidades. Daí o valor da “religiosidade insculpida na mente e no sentimento da família”. Mais uma vez é Joanna que nos elucida acerca do trabalho em favor da conversação saudável, dos esclarecimentos diante das suspeitas e incompreensões a fim de que o clima de harmonia possa se instalar no lar.
Bom, mas de maneira prática, como cada um pode agir a fim de que o lar não se torne um campo de batalha? Coletamos algumas sugestões de amigos espirituais generosos, que compartilharam conosco essas dicas preciosas:
Thereza de Brito, em Vereda Familiar (Exercícios de paz no lar) nos sugere: busque não agredir com palavras ferinas ou com silêncios gelados aqueles que se põem à sua volta na luta doméstica. Aprenda a dialogar para solucionar problemas, conversando equilibradamente, para o bem geral. Precisamos, segundo a abnegada amiga, realizar um “exercício de gratidão”, dedicando-nos a agradecer as coisas mínimas com que somos beneficiados em casa (podemos citar: a comida que nos é servida, o banheiro limpo de que nos utilizamos, a roupa que encontramos alinhada, dentre tantas outras coisas!).
Já Camilo nos diz: segue com calma no seio familiar, ainda mesmo lidando com afetos consanguíneos ou afins de difíceis caracteres ou personalidades complexas, mesmo quando saibas que estão corretos os teus posicionamentos e a tua orientação. Lembrar que calma não se confunde com amolentamento do caráter; é atitude dinâmica, não compactuando com a indolência ou com a preguiça (Necessidade da calma – Educação e Vivências).
Emmanuel, na obra Pão Nosso, com toda a sua sabedoria, informa que “se não é possível respirar num clima de paz perfeita, entre as criaturas, em face da ignorância e da belicosidade que predominam na estrada humana, é razoável procure o aprendiz a serenidade interior, diante dos conflitos que buscam envolvê-lo a cada instante.
Por fim, novamente Camilo, em Minha família, o mundo e eu, arremata: para construir o clima de paz doméstico necessária se faz a ação intensiva, ostensiva ou não, do AMOR. Formar o lar em bases de carinho e respeito, de liberdade e de alegria, instituindo o hábito salutar da oração! A tarefa não é fácil. Exige esforço e perseverança de nossa parte. Mas, no mundo regenerado, com que tanto sonhamos, a família equilibrada constitui a base, o sustentáculo dessa Terra melhorada. Recordemos com Joanna de Ângelis, em Constelação familiar, que enquanto a família prosseguir em harmonia, a sociedade crescerá em paz e elevação. Sejamos os protagonistas dessa sociedade pacificada, atuando desde já no sentido de promover o bem, não alimentando indisposições e conflitos dispensáveis e perfeitamente evitáveis dentro de nossos lares.
O AUTOR
Secretário e Coordenador da Área da Família da FEMAR. Trabalhador da área de Estudo. Vice-presidente do Centro Espírita Luz, Caridade e Amor, em São Luís-MA, onde colabora nas áreas de Estudo, DIJ e Comunicação. Expositor espírita.