Marta Antunes
Vice- presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB)
Em O Livro dos Espíritos consta a seguinte definição de moral: “[…] é a regra de bem proceder, isto é, a distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando faz tudo pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus.”1 A resposta transmitida pelos Espíritos orientadores em relação à regra de bem proceder nos aponta, de imediato, para o entendimento de duas ideias fundamentais: a) conhecimento do bem e do mal; b) prática da Lei de Deus.
Segundo o dicionário, Bem é “aquilo que enseja as condições ideais ao equilíbrio, à manutenção, ao aprimoramento e ao progresso de uma pessoa ou de uma coletividade.” 2 indica também, segundo os princípios da Ética, “conjunto de princípios fundamentais propícios ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento moral, quer dos indivíduos, quer da comunidade.” 2 Mal por sua vez, indica “[…]o que é prejudicial ou fere; o que concorre para o dano ou a ruína de alguém ou algo; o que é nocivo para a felicidade ou o bem-estar físico ou moral.” 3
Os Espíritos da Codificação Espírita, resumem as diferentes conceituações existentes a respeito do bem e do mal difundidas pela Filosofia e pela Ética quando afirmam: “o bem é tudo o que é conforme à Lei de Deus, e o mal é tudo o que dela se afasta. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringir essa lei.” 4 Contudo, para praticar a Lei de Deus ou Lei de Amor, tal como Jesus nos ensinou, faz-se necessário conhecê-la, pelo estudo e pelas reflexões. Sem este aprendizado e consoante a nossa imperfeição espiritual, as boas intenções de renovação moral se revelam infrutíferas, na maioria das vezes. É importante, pois, aprendermos distinguir o bem do mal. Tarefa esta que exige atenção e persistência contínuas.
A ignorância a respeito da Lei de Deus pode nos conduzir a ações graves, cujas consequências extrapolam o tempo e o espaço e que, cedo ou tarde, teremos de responder pelos equívocos cometidos, visto que a “Lei de Deus é para todos, mas o mal depende principalmente da vontade que se tenha de praticá-lo[…].”5 A responsabilidade da prática do mal, individual ou coletiva, é algo que precisa ser, cuidadosa e seriamentemente, pensado e analisado. Allan Kardec pondera a respeito:
As circunstâncias dão relativa gravidade ao bem e ao mal. Muitas vezes o homem comete faltas que, embora decorrentes da posição em que a sociedade o colocou, não são menos repreensíveis. Mas a sua responsabilidade é proporcional aos meios de que ele dispõe para compreender o bem e o mal. É por isso que o homem esclarecido que comete uma simples injustiça é mais culpado aos olhos de Deus do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos.6
O compromisso moral que o espírita assume nesse particular é muito relevante, uma vez que, por não desconhecer as noções básicas do Espiritismo, tem consciência da sua realidade espiritual como Espírito imortal, que sabe de “[…] onde vem, para onde vai e por que está na Terra; um chamamento aos verdadeiros princípios da Lei de Deus e consolação pela fé e pela esperança.”7
O espírita sabe que conceitos de bem e mal, anunciados por Espíritos superiores, são atemporais e de abrangência universal, não produzem dúvidas ou interpretações equivocadas, independentemente do nível intelecto-moral das pessoas. Dessa forma, a compreensão da Lei de Deus é compromisso que os espíritas sinceros abraçam como uma causa decisiva à sua melhoria evolutiva. O amor é a solução para todos os males. É o caminho que conduz à plenitude espiritual, como esclarece Fénelon na seguinte mensagem da qual extraímos alguns trechos, como ilustração:
REFERÊNCIAS