Por Fabio Souza de Carvalho
O diálogo de Jesus com Hanã, conforme os inolvidáveis registros de Humberto de Campos na obra “Boa Nova”, é um dos mais significativos para o Movimento Espírita, cujo trecho seguinte merece de todos nós acurada reflexão:
“– Galileu, que fazes na cidade?
– Passo por Jerusalém, buscando a fundação do Reino de Deus! – exclamou o Cristo, com modesta nobreza.
– Reino de Deus? – tornou o sacerdote com acentuada ironia. – E que pensas tu venha a ser isso?
– Esse Reino é a obra divina no coração dos homens! – esclareceu Jesus, com grande serenidade.
Há quem acredite que para uma empresa dessa magnitude, Jesus tivesse que convocar homens e mulheres de indiscutível perfeição moral a fim de concretizar a tão nobre empreitada.
Entretanto, o colégio apostólico, composto em sua maioria por homens simples que viviam às margens do Lago de Genesaré, experimentou, em seu início, dificuldades naturais para que a devida harmonização se instalasse.
Jesus, a fim de achanar as anfractuosidades do caminho a ser percorrido, aclarou aos discípulos amados as normas de ação que lhes serviriam de norte para a sublime tarefa de espalhar a semente da boa nova pelo campo da Terra infestada de lobos:
“Convocou os doze, e começou a enviá-los dois a dois” (Mc 6:7)
“Prescreveu-lhes que nada levassem para o caminho” (Mc 6:8)
“De graça recebestes, de graça dai.” (Mt 10:8)
“O trabalhador é digno do seu alimento.” (Mt 10:10)
“Ao entrardes na casa, saudai-a, e se a casa for digna, venha sobre ela vossa paz; se, porém, não for digna, retorne vossa paz para vós” (Mt 10:12-13)
“E, se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés” (Mt 10:14)
“Sede prudentes como as serpentes e mansos como as pombas.” (Mt 10:16)
“Acautelai-vos dos homens, pois vos entregarão aos sinédrios e vos açoitarão nas suas sinagogas” (Mt 10:17)
“Quando vos entregarem, não vos inquieteis por saber como ou o que falareis, pois vos será dado, naquela hora, o que havereis de falar” (Mt 10:19)
“Sereis odiados por todos, por causa do meu nome; mas quem perseverar até ao fim, esse será salvo” (Mt 10:22)
“Não temais os que matam o corpo, porém não podem matar a alma; temei mais o que pode destruir no Geena tanto a alma quanto o corpo” (Mt 10:28)
“Se Eu, sendo o Mestre e o Senhor, lavei os vossos pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13:14)
“Pois Eu vos dei o exemplo para que, assim como eu fiz, façais vós também” (Jo 13:15)
“Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros” (Jo 13:34)
E assim, logo os doze se transformaram em setenta; os setenta em quinhentos e hoje, a expressão somos poucos carece de maior significado para nós outros.
As recomendações, entretanto, permanecem atualíssimas para que o dever de erguermos o Reino de Deus no coração humano se opere a contento do Senhor.
O AUTOR
Fabio Souza de Carvalho é Diretor da Unificação da FEMAR e Secretário da Comissão Regional Nordeste (CFNE/FEB)