Por Allan Marques*
Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pelo estado de infância? Na questão 383 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec fez essa indagação aos Imortais, que trouxeram em sua resposta esclarecimentos preciosos para a Humanidade quando informaram que “encarnando com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe e que podem auxiliar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados de educá-lo”.
Ainda sobre o período da infância, informam os Benfeitores da Humanidade, agora na resposta à pergunta 385 da obra acima mencionada, que as crianças são seres que Deus envia a novas existências (….) cuja fragilidade dos primeiros anos os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Acrescentam: é quando se pode reformar o seu caráter e reprimir seus maus pendores.
Na atualidade, em que muitos acreditam que as crianças podem e/ou devem ser entregues à inclinação espontânea, é de suma importância pararmos para refletir quem são esses pequenos seres, em verdade Espíritos imortais transitoriamente em corpos pequenos, reencarnados dentro do contexto familiar que melhor atende às suas necessidades de maturação.
Hoje, mais do que nunca, reconhecemos o valor da afirmativa do Espírito Emmanuel, que na obra “Família”, capítulo 9 (Infância), psicografada pelo amoroso Chico Xavier, assevera: Instinto à solta na infância é passaporte para o desequilíbrio. Basta ligarmos a TV ou acessarmos os diversos sites na internet e veremos o quanto a infância relegada à indiferença produz resultados desastrosos para a sociedade que parece perdida na tarefa de bem orientar os que chegam à Terra necessitados de mãos firmes que direcionem seus passos.
O Espírito Camilo, em “Desafios da educação”, pontua que o ideal para o espírito na fase infantil seria a convivência mais estreita possível com o lar, com seus pais e familiares, assimilando valores educacionais de modo informal, fortalecendo-se de conhecimentos bem temperados para o enfrentamento do mundo, logo mais. Inegável, como podemos concluir dessa fala do nobre Benfeitor, que a criança necessita de estímulos saudáveis no ambiente familiar, já que a infância bem educada dará ensejo à juventude bem estruturada, o que resultaria em adultos capazes de cultivar e cultuar o Bem, trabalhando com honradez e dignidade, em prol do equilíbrio geral.
Perceber o valor do Espírito na faixa infantil, eis o grande desafio! Não podemos desconsiderar a criatura humana que transita nessa fase, imaginando que “ela não sabe de nada” ou “quando crescer, vai entender”. Não! Não! O momento para se investir é agora…todos os cuidados precisam ser tomados a fim de que, na condição de adultos, mostremos a devida maturidade e equilíbrio que os pequenos esperam de nós outros. Se eles representam o futuro, somos nós o presente que auxilia na construção do porvir.
Reforçando a importância da família sobre a criança, Thereza de Brito, na obra Vereda Familiar, inúmeras vezes citada em nossas reflexões, assinala, com muita propriedade, que todos aqueles que vivem junto à criança e influem sobre ela têm sua porção de responsabilidade na sua formação feliz ou degenerada, sejam os pais, tios, irmãos, avós e outros que interfiram na vida infantil. Não é por acaso que esses pequeninos se encontram no mesmo ambiente doméstico em que estagiamos. Fazem parte da nossa história espiritual, enquanto viajores milenários, rumo ao Criador, necessitados, tanto quanto nós, de carinho, compreensão, orientação segura para um bom aproveitamento da encarnação ora vivenciada.
Estejamos atentos! A tarefa não é fácil, pois todos padecemos de conflitos e incertezas na Terra, sendo desafiados constantemente e convidados a uma mudança de postura, especialmente nesta fase delicada de nossa História. Mas, com perseverança e amor, busquemos cuidar das crianças, sabedores de que estaremos colaborando de forma decisiva para a regeneração do planeta-lar que nos abriga tão amorosamente!
O AUTOR
Secretário e Coordenador da Área da Família da FEMAR. Trabalhador da área de Estudo. Vice-presidente do Centro Espírita Luz, Caridade e Amor, em São Luís-MA, onde colabora nas áreas de Estudo, DIJ e Comunicação. Expositor espírita.